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A sustentabilidade tem ganhado espaço em diversos setores industriais e a produção de louças cerâmicas não é exceção. Pois a estudante Victoria Zimmer Gomes, de 17 anos, do Instituto Federal do Rio Grande do Sul – Campus Feliz, desenvolveu um projeto inovador que propõe a substituição de minerais tradicionais utilizados na fabricação de louças por resíduos reaproveitados.
O projeto “Sustainware: Transformando resíduos em louças cerâmicas sustentáveis” garantiu a ela o primeiro lugar na categoria Sebrae de Cultura Empreendedora e Inovação na Mostratec 2024, superando outras 190 equipes inscritas.
A pesquisa conduzida por Victoria propõe substituir o quartzo e o feldspato, minerais extraídos da natureza, por resíduos industriais, domésticos e agrícolas que desempenham função equivalente na composição das louças.
O estudo demonstrou que é possível fabricar louças sustentáveis utilizando até 60% de resíduos, sendo 30% de vidro reciclado e 30% de cinza da casca de arroz. O material produzido apresentou desempenho semelhante ao das louças convencionais em termos de resistência, densidade e absorção de água.
A pesquisa, que envolve a análise do ciclo de vida, ferramenta que avalia a sustentabilidade da proposta, indicou vantagens ambientais significativas, como redução da exploração excessiva de recursos naturais, aumento das taxas de reciclagem do vidro, valorização do resíduo agrícola da casca de arroz, redução do consumo energético e das emissões de carbono na fabricação.
Como premiação do Sebrae RS pela conquista do primeiro lugar na Mostratec, Victoria levou seu projeto para Portugal, onde participou de imersão durante a SINFO Tech Conference 2025, um dos maiores eventos de tecnologia da Europa, onde teve acesso a um ecossistema de inovação e empreendedorismo, participando do evento de 17 a 21 de fevereiro, no Instituto Superior Técnico (IST) de Lisboa, que reúne grandes empresas, startups e talentos do setor de tecnologia.
A estudante também visitou a Embaixada do Brasil em Portugal, o Hub Criativo do Beato, um dos principais centros de inovação de Lisboa, o Taguspark, parque tecnológico de Oeiras conhecido como a “Cidade do Conhecimento”, além da Fábrica de Unicórnios, iniciativa que apoia startups com alto potencial de crescimento.
“Participar de feiras científicas é uma experiência enriquecedora que vai além do aprendizado em sala de aula. Elas incentivam o pensamento crítico, a criatividade, a inovação e a troca de conhecimentos, sem falar no rigor científico que coloca em prática o método científico de explorar hipóteses, conduzir experimentos e analisar resultados. Outro fator que me gera grande satisfação é saber que através da exposição dos nossos trabalhos é possível demonstrar nosso compromisso com a inovação e a sustentabilidade, as quais podem contribuir para um mundo melhor. A Mostratec, em especial, oferece um ambiente propício ao desenvolvimento de habilidades e abre portas para novas oportunidades. Seja por meio das premiações ou pela presença de profissionais da área, o evento possibilita a criação de uma rede de contatos valiosa para o futuro”, salienta a estudante.
Reconhecimento na Mostratec 2024
A 39ª edição da Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), realizada de 22 a 24 de outubro de 2024, na Fenac, em Novo Hamburgo, destacou-se pelo alto nível dos projetos apresentados. Organizada pela Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha e correalizada pelo Sebrae RS, a organização ampliou sua participação com a criação da categoria Cultura Empreendedora e Inovação, incentivando projetos com potencial de negócio e impacto no mercado.
“A iniciativa de Victoria Zimmer Gomes representa um grande passo na busca por soluções sustentáveis na indústria cerâmica. Seu projeto não apenas contribui para a redução do impacto ambiental da produção de louças, mas também abre portas para uma nova abordagem na utilização de resíduos industriais e agrícolas. Com sua pesquisa reconhecida nacional e internacionalmente, a estudante gaúcha se torna uma inspiração para jovens cientistas e empreendedores que buscam desenvolver tecnologias inovadoras alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A história de Victoria Zimmer Gomes prova que a ciência e o empreendedorismo podem andar lado a lado, criando novas perspectivas e oportunidades para os nossos estudantes no mundo do trabalho”, destaca Márcia Ferran, especialista em educação empreendedora do Sebrae RS.
