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Mercopar 2025: a liderança feminina na transformação industrial

Painel na feira debateu o papel delas no setor, com destaque para tecnologia, sustentabilidade e sucessão familiar
Por Sebrae RS
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Em um setor historicamente marcado pela predominância masculina, a presença feminina na liderança industrial ganha cada vez mais relevância e voz e qualifica o setor. Durante painel na Mercopar, maior feira de inovação industrial da América Latina, nesta quarta, 15/10, especialistas e empresárias se reuniram para discutir como as mulheres estão impulsionando mudanças nas empresas, especialmente em áreas como tecnologia e sucessão familiar. O bate-papo, repleto de experiências e provocações estratégicas, reforçou a importância de ampliar a participação feminina nos espaços de decisão e inovação por que essa evolução é sinônimo de competitividade. A Mercopar é uma realização do Sebrae RS e do Sistema FIERGS e segue até sexta-feira (17/10) no Centro de Feiras e Eventos Parque da Uva, em Caxias do Sul.

A abertura foi feita pela vice-presidente do Comitê de Lideranças Femininas (Colife) e diretora da FIERGS, Carla Carnevali, que reafirmou o compromisso do órgão com uma indústria gaúcha mais igualitária e mais forte. “Estamos construindo uma rede sólida e plural. Somos 29 conselheiras vindas de diferentes segmentos da indústria, instituições de ensino e empresas. Essa diversidade torna mais rico o comitê e, consequentemente, a indústria. E o nosso propósito é conectar, desenvolver e dar voz às mulheres líderes da indústria gaúcha” ressaltou.

Carla enfatizou ainda que o Colife acredita que quando as mulheres ocupam espaços de decisão, a indústria se transforma. Ela disse que esperava que o painel fosse um espaço de escuta, de inspiração e de mobilização. “Que possamos sair daqui com novas ideias. Novas conexões e, principalmente, com a certeza de que estamos moldando um futuro mais justo, mais potente e mais feliz na indústria”, analisou.

As painelistas foram a CEO da Metalúrgica Fimac, Carolina Chiao, a CEO da Piccadilly, Cristine Grings, e a doutora em gestão de pessoas e especialista em desenvolvimento de inteligência emocional, psicologia evolutiva e liderança feminina, a professora Alessandra Gonzaga. A mediação ficou por conta da jornalista Kelly Matos. Todas as participantes contaram como chegaram em posições de liderança e os desafios e preconceitos que precisaram reverter durante a gestão das indústrias.

As principais queixas foram desde ouvir piadas e palavras de desqualificação, porque as duas CEOs são de empresas familiares, até questionamentos de parte da família em relação à capacidade de gestão das empresas. Segundo Carolina, da Fimac, a história dela diante da metalúrgica foi de muita resiliência, e ela teve que empreender de forma solitária, sendo que ocupar esse lugar foi muito difícil. “Como mar calmo não faz bom marinheiro, implementei uma estratégia que foi plantar sementes da nova cultura da empresa e entender quem eu era e a minha força”, contou.

Já Cristine, da Piccadilly, que está na terceira geração de sucessão, decidiu assumir a empresa depois de alguns conflitos entre os sócios da mesma família e encarou ser CEO em uma empresa de 70 anos sempre liderada por homens. “Acredito que as mulheres possam fazer uma gestão com a mesma capacidade, e liderar a partir da própria essência e conquistar autoridade e respeito”, afirmou.

A professora Alessandra disse que a liderança pode se tornar um pouco mais pesada para as mulheres porque elas têm que provar o tempo todo que são capazes. Para ela, a partir do momento em que essas mesmas mulheres se apropriarem da história de vida, a descoberta da líder está na descoberta do próprio ser humano integral.

Indústria Delas

A quarta-feira teve outro espaço dedicado ao empreendedorismo feminino, com a realização do painel Indústria Delas no período da manhã. Foi um convite para uma conversa sobre carreiras, possibilidades de crescimento e a importância do protagonismo feminino em todos os níveis da indústria.

Realizado pelo Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs), teve a participação de Clarisa Trombini, da Tramontina; Paula Ioris, da Casa Civil do RS; e de Marcos Baptistucci, da Randoncorp; com mediação de Ubiratã Rezler, vice-presidente do Sistema FIERGS, presidente do Simecs e um dos diretores técnicos da Mercopar.

As trajetórias inspiradoras prenderam a atenção do público. De primeira mulher no setor de produção da Tramontina até se tornar a quarta diretora na organização, Clarisa destacou a força de vontade como principal motor para aumentar a participação feminina na indústria. “Precisamos nós, mulheres, querermos e buscarmos esse lugar”, afirma.

Com passagem pela indústria, pelo varejo e por cargos públicos, Paula frisou a importância de liderar pelo exemplo, a fim de multiplicar pessoas capacitadas para ocupar espaços de destaque. “É fundamental termos lideranças preparadas para inspirar, para trabalhar, para tomar a frente, sejam homens ou mulheres”, pondera.

Já Baptistucci apresentou os números conquistados pelo Jornada Delas, projeto de aceleração de carreira feminina dentro do Indústria Delas. Em cinco edições, 620 mulheres foram atendidas, das quais 98 evoluíram na carreira. “Alcançamos ainda um aumento de 262% nas candidaturas femininas a vagas de liderança e gestão na indústria”, comemora o executivo de Pessoas e Cultura da Randoncorp.

Na mediação, Rezler ressaltou que sempre houve uma divisão tácita no mercado de trabalho: mulheres no administrativo e homens na produção. “Na empresa que eu trabalhava, não era possível quebrar isso, porque não se tinha nem cultura, nem ambiente para a mulher trabalhar na produção, por exemplo. As empresas têm que se modificar e, para isso, precisam estar disponíveis, abertas para essa mudança”, conclui.

“A grande porta para as pessoas é o RH. E o departamento precisa apoiar isso, precisa olhar de forma diferente. Façam esse movimento na empresa de vocês. Sem excluir os homens, pois não vamos inverter, mas vamos quebrar o preconceito”, completou Clarisa.

34ª Mercopar

Feira: 14 a 17 de outubro, das 13h às 20h

Público: maiores de 16 anos, principalmente ligados à indústria

Local: Centro de Feiras e Eventos Festa da Uva – Caxias do Sul (RS)

Inscrições gratuitas para visitantes em geral: http://mercopar.com.br