Os impactos da reforma tributária e as estratégias de adaptação foram tema do painel que teve como palestrantes Silas Santiago, do Sebrae, e Mário Sérgio Carraro Telles, da Confederação Nacional da Indústria – CNI. Prevista para entrar em vigor em 2026, a mudança visa simplificar o sistema de impostos sobre o consumo, substituindo tributos como PIS, Cofins, ICMS, ISS e IPI por um modelo dual baseado na CBS e IBS.
“É um assunto que, sem dúvida, todos já vêm buscando conhecimentos, mas ainda há muitas interrogações, e que mexe tanto com as grandes empresas quanto com as pequenas. Além disso, não se sabe ao certo quais serão os resultados práticos da carga tributária, pois se trata de uma mudança de longo prazo. O Brasil vive, sem dúvida, um momento histórico”, analisou Joel Dadda, diretor-superintendente do Sebrae RS, na abertura do painel.
“Este tema é realmente transformador para a indústria brasileira. Ele atinge o consumo, a renda, várias esferas. Temos ainda outros dispositivos legais em fase de aprovação, que estão do comitê e gestor do IBS. Ou seja, nós temos a maior mudança tributária das últimas décadas no Brasil. E é sempre importante lembrar: Não existe economia forte com indústria fraca”, completa Rafael Sacchi, coordenador do Conselho de Assuntos Tributários, Legais e Cíveis do Sistema FIERGS.
Aprovada por meio da Emenda Constitucional nº 132/2023 e regulamentada pela Lei Complementar nº 214/2025, a reforma tributária brasileira representa uma mudança estrutural no sistema fiscal do país. O novo modelo cria dois tributos principais: a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), de competência federal, e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), gerido por estados e municípios. Ambos seguem o princípio da não cumulatividade, permitindo o aproveitamento de créditos ao longo da cadeia produtiva, e serão aplicados com alíquotas uniformes e regras mais transparentes.
De acordo com Telles, os impostos não podem ser encarados do ponto de vista das empresas apenas. “É preciso olhar o efeito do novo imposto sobre a cadeia produtiva. Logo, o relacionamento com fornecedores também vai ser alterado. É um mundo novo. Vai mudar tudo. E, consequentemente, tem muito trabalho a ser feito para as empresas se prepararem”, alerta o especialista da CNI.
Para Santiago, este é o momento para todos os negócios fazerem o seu planejamento tributário. “A reforma transformou as empresas em auditores fiscais. Todo mundo tem que fazer planejamentos, ir ao Sebrae, buscar o seu contador, enfim, tomar as medidas para cuidar disso, pois é muito importante”, alerta.
Impacto gradual
Os especialistas explicam que a arrecadação será alterada paulatinamente, a fim de não gerar prejuízos para municípios e estados.
“A transição para o novo sistema será gradual, com testes em 2025 e implementação obrigatória a partir de janeiro de 2026. Especialistas apontam que, embora a reforma exija adaptações complexas por parte das empresas, ela tende a promover maior justiça fiscal e reduzir distorções históricas do sistema tributário nacional”, afirma Telles.
A extinção do ICMS e do ISS, passando para o IBS, está prevista para 2033. Estima-se ainda que o percentual de destino mudará ano a ano, até 2077. “Então, naquela preocupação que os estados produtores tinham, não se perderá muita receita. Primeiro, tem uma transição longa”, explica Santiago.
